IA no setor jurídico: como a tecnologia está remodelando a prática do Direito?
Por Marcela Quint, CEO da Aurum
Com fundamento no artigo XX, presente no II do Código de Processo Civil, julgo extinta a presente execução de sentença que Fulano move em face do Sicrano…”. Pense em quantas vezes você se viu perdido ou até mesmo intimidado em meio a jargões técnicos jurídicos.
Por outro lado, imagine quanto tempo os advogados perdem diariamente por precisar explicar novos andamentos processuais para cada cliente. Felizmente, essa realidade parece estar com os dias contados graças à tecnologia.
Tradicionalmente reconhecido como um setor conservador, muitas vezes até de forma errônea, o direito vem demonstrando uma importante abertura para a adoção de inovações tecnológicas. Lideradas principalmente pela Inteligência Artificial, apontada quase que de forma unânime como a tecnologia do momento, as novas soluções têm trazido consigo o poder de transformar o inacessível em acessível e o complicado em algo simples.
Por meio do seu potencial, a IA descomplica processos, automatiza tarefas repetitivas, eleva o padrão dos serviços prestados e, o mais importante, aproxima advogados de seus clientes. Isso mesmo, a tecnologia não está substituindo o toque humano, mas sim potencializando-o.
No próprio caso da interpretação jurídica, por exemplo, as recentes ferramentas agilizam as comunicações e tornam a informação legal não só mais acessível, mas também mais compreensível para o público geral. Soluções de IA hoje já podem analisar grandes volumes de dados para oferecer consultorias personalizadas, possibilitando até mesmo “traduzir” as redações de documentos jurídicos de forma clara e objetiva para as pessoas de fora da área, democratizando o acesso às informações.
Isso nos leva a uma relação cliente-advogado muito mais transparente e eficaz. Os profissionais deixam de utilizar seu tempo concorrido na atualização dos processos dos clientes, por exemplo, e se concentram no que realmente importa: a estratégia legal e o atendimento. Significa mais tempo para ouvir, entender e atender às necessidades específicas de cada caso, construindo uma ponte sólida de confiança e compreensão mútua entre esses pares.
Outro exemplo prático de transformação proporcionada pela tecnologia está na própria gestão dos escritórios. Graças ao potencial da IA, os sistemas administrativos estão sendo aprimorados de forma significativa, contribuindo para a melhor tomada de decisão e organização do fluxo de tarefas dentro da própria equipe.
Desafios no caminho
Por outro lado, apesar da revolução inevitável, toda grande mudança está exposta a desafios. A jornada para integrar a IA no cenário jurídico exige mais do que apenas vontade; requer um verdadeiro envolvimento sistemático de toda a equipe para reimaginar processos e estratégias.
Além disso, segurança e confiabilidade são palavras-chave quando se trata de transformações no direito. Até por isso, é fundamental se atentar à confiabilidade das soluções utilizadas. Quando falamos de IA, precisamos ter em mente qual é a empresa por trás da solução, se ela é confiável ou não, e se os dados utilizados são numerosos, diversos e seguros.
Em qualquer campo, os erros são perigosos, mas, no caso do jurídico, a taxa de imprecisão necessita estar próxima de 0.
Em suma, a evolução tecnológica está redefinindo o cenário jurídico, tornando-o mais acessível, eficiente e, porque não, centrado no cliente. Estamos à beira de uma nova era, onde a Inteligência Artificial promete não apenas mudar o jogo, mas também elevar a prática do direito a um patamar nunca antes imaginado.
À medida que avançamos nessa jornada, é essencial manter um equilíbrio entre a inovação e a prudência, garantindo que a tecnologia sirva como uma aliada poderosa, sem comprometer a essência e a integridade do sistema jurídico. O futuro do direito é tecnológico, e ele promete ser brilhante.
*Marcela Quint é CEO da Aurum, empresa de tecnologia pioneira na criação de soluções para advogados autônomos, escritórios de todos os tamanhos e departamentos jurídicos.
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