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200 anos da Imigração Alemã no Brasil: mais do que enriquecimento cultural, um impulso à economia do Paraná

Por Andreas Hoffrichter

200 anos da Imigração Alemã no Brasil: mais do que enriquecimento cultural, um impulso à economia do Paraná
200 anos da Imigração Alemã no Brasil: mais do que enriquecimento cultural, um impulso à economia do Paraná (Foto: Reprodução)

Em 1824, estimulados por Dom Pedro I, então imperador do Brasil, e também em função das transformações sócio-político-econômicas ocorridas na Alemanha, os primeiros imigrantes alemães chegaram ao Brasil, mais precisamente à cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, que se tornou a primeira colônia alemã em terras brasileiras. Anteriormente alguns alemães já haviam desembarcado no interior da Bahia, mas o marco inicial para a imigração germânica no Brasil é a colônia formada em São Leopoldo.


O início do processo de industrialização da Alemanha causou um êxodo rural que tornou inviável a manutenção da agricultura em pequenas propriedades rurais, bem como das pequenas tecelagens domésticas. Procurando alternativas para sobreviver, muitos alemães imigraram então para o Brasil em busca de terras extensas e férteis e de oportunidades de renda para suas famílias. Para muitos alemães luteranos e menonitas, esse movimento também foi a maneira de evitar que fossem convocados para servir o exército, o que se recusavam a fazer por motivos religiosos.


Durante 100 anos de forte êxodo alemão a outros países, chegaram ao Brasil aproximadamente 250 mil alemães. Atualmente, calcula-se que sejam 5 milhões de seus descendentes em solo brasileiro. A região sul do país foi a que mais atraiu imigrantes. Na década de 1830, primeira da imigração alemã no país, 20% da população desses estados já era de origem germânica. Até hoje, é possível reconhecer essa influência na cultura das famílias, culinária, festividades e arquitetura das cidades.


Após esse período, os imigrantes começaram a se espalhar pelo país. Embora tenha sido em menor proporção e influência, é possível visualizar a cultura alemã em São Paulo, Espirito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Entretanto, enquanto o objetivo da colonização na Região Sul era sedimentar a posse e a manutenção do território por meio do povoamento, nas outras regiões do país, principalmente em São Paulo e Minas Gerais, o objetivo foi suprir a carência de mão-de-obra nas lavouras de café.


Em 1829, os alemães vindos da cidade de Trier fundaram a primeira colônia alemã do Paraná, em Rio Negro, cerca de 100 quilômetros da capital Curitiba. Os imigrantes que chegaram ao estado se assentaram inicialmente nas regiões leste e sul do estado e, a partir de 1950, se expandiram para o norte e oeste. Curitiba, Rolândia, Marechal Cândido Rondon, Wittmarsum e Entre Rios são hoje os principais marcos deste movimento.


Assim que se instalavam, os imigrantes começaram a criar tudo para continuar a ter uma vida cultural e cívica semelhante à que tinham nas regiões de origem. Criaram associações de música, canto, dança e as esportivas, tão difundidas no Sul do Brasil e presentes até hoje na cultura das cidades. Entre as muitas, cito o Teuto Brasilianischer Turnverein (Clube Duque de Caxias), criado há 134 anos, e o Deutscher Sängerbund, de 1869 (Clube Curitibano - Sede Concórdia), ambas localizadas em Curitiba.

Finalizo reforçando que sou um desses imigrantes alemães que descrevi. Cheguei ao Brasil há 60 anos e me apaixonei pelo país, principalmente pelo Paraná e por Curitiba, onde vivo até hoje, construí minha família e minha carreira profissional!


*Andreas Hoffrichter é diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil - Alemanha (AHK Paraná), conselheiro de Administração certificado pelo IBGC e cônsul honorário da Alemanha em Curitiba.


Sobre a AHK Paraná - Estimular a economia de mercado por meio da promoção do intercâmbio de investimentos, comércio e serviços entre a Alemanha e o Brasil, além de promover a cooperação regional e global entre os blocos econômicos. Esta é a missão da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná), entidade atualmente dirigida pelo Conselheiro de Administração e Cônsul Honorário da Alemanha em Curitiba, Andreas F. H. Hoffrichter.


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